Loading [MathJax]/jax/output/HTML-CSS/jax.js
  • Introdução
  • Função Densidade
  • Valor Esperado e Variância
  • Exercícios

Introdução

Uma variável aleatória é classificada como contínua se assume valores em qualquer intervalo dos números reais, ou seja, um conjunto de valores não-enumerável. Dessa forma, pode se observar que não é possível atribuir probabilidades para um ponto específico, apenas para intervalos da reta.

Exemplos:

  • Peso de animais;

  • Tempo de falha de uma estrutura metálica;

  • Resistência à compressão do concreto;

  • Altura da maré em uma hora específica;

  • Salinidade da água do mar;

  • Retorno financeiro de um investimento.

Neste sentido, a natureza dessas variáveis aleatórias nos mostra que não podemos atribuir probabilidades à valores específicos, pois há uma quantidade não enumerável (infinita) de valores num intervalo entre dois pontos. Consequentemente, atribui-se probabilidades à intervalos de valores, por meio de uma função de X. Portanto, as probabilidades são representadas por áreas sob a curva.

Graficamente, temos

knitr::include_graphics("img/densidade1.png")

Observa-se que nem todos os k=11 intervalos (do histograma) estão sob a curva da função de X. Além disso, alguns intervalos não representam a área sob a curva. Porém, aconteceria se dividissémos em k=22 intervalos? Vamos ver por um outro exemplo gráfico.

knitr::include_graphics("img/densidade2.png")

Assim, fazendo-se k (ou n), teríamos que cada intervalo represente alguma área (ou probabilidade) sob à curva.

Vamos avaliar essa ideia com um exemplo prático.

Exemplo 1:

Estudos anteriores revelam a existência de um grande lençol freático (ou de água) no subsolo de uma região. No entanto, sua profundidade ainda não foi determinada, sabendo-se apenas que o lençol pode estar situado em qualquer ponto entre 20 e 100 metros. Vamos supor que selecionamos, ao acaso, um ponto nessa região e dispomos de uma sonda que, ao fazer a perfuração, detecta a profundidade do reservatório de água.

Seja X uma variável aleatória contínua tal que

X:Profundidade do lençol freático

A partir disso a ideia é propor um função para X e calcular algumas probabilidades de interesse.

Observação 1: É razoável assumir que a sonda pode parar em qualquer ponto entre 20 e 100 metros, sem que tenhamos motivos para privilegiar essa ou aquela profundidade, ou seja, consideramos todos os pontos como equiprováveis.

Observação 2: Ao pensar em atribuir uma probabilidade para cada ponto, chegamos a uma dificuldade, como temos infinitos pontos e todos são equiprováveis, teríamos infinitas probabilidades o que causaria uma probabilidade total de valor infinito, e não 1 como deve ser.

A solução, neste caso, é não considerar valores únicos no cálculo da probabilidade, e sim intervalos de valores. Assim, o espaço amostral correspondente é [20,100] e as profundidades são igualmente prováveis.

Então,

  • Suponha que dividimos o espaço amostral em 8 intervalos de comprimento 10.

  • É razoável atribuir aos intervalos a probabilidade 18, correspondendo à relação entre o comprimento de cada um deles e o comprimento do espaço amostral.

knitr::include_graphics("img/densidade3.png")

E se dividissémos o espaço amostral em 16 intervalos ?

knitr::include_graphics("img/densidade4.png")

Assim, aumentando cada vez mais o número de intervalos, diminuindo suas amplitudes, até, obtermos (teoricamente) infinitos intervalos e o seguinte histograma

knitr::include_graphics("img/densidade5.png")

Assim, a probabilidade de uma variável aleatória contínua é definida pela área sob à curva de uma função positiva, denominada função densidade de probabilidade. Observa-se que a função densidade não é uma probabilidade, mas uma função que auxilia na determinação de probabilidades.

Então, para a variável aleatória contínua X representando a profundidade do lençol freático, a função densidade é dada por

f(x)={180se 20x1000caso contrário

Função Densidade

Definição 1.

Diz-se que X é uma variável aleatória contínua, se existir uma função f , denominada função densidade de probabilidade (fdp) de X que satisfaça às seguintes condições:

  1. É uma função não negativa

f(x)0

  1. A área total sob à curva deve ser igual a 1

+f(x)dx=1

Vamos considerar uma função densidade f e que nosso interesse é calcular a probabilidade da variável aleatória X observar valores num intervalo [a,b].

Pergunta: Como calcular P[aXb] ?

Primeiramente, vamos analizar o gráfico da função f, ou seja,

knitr::include_graphics("img/densidade6.png")

Assim, a funçãfo densidade probabilidade atribui probabilidades à intervalos de valores do tipo [a,b] e é calculada por

P[aXb]=baf(x)dx. Observações:

  1.  Seja aX um valor observado qualquer. Então, P[X=a]=0, e consequentemente

P[aXb]=P[aX<b]=P[a<Xb]=P[a<X<b]

  1.  Qualquer função f() que seja não negativa e cuja área total sob a curva seja igual à unidade caracterizará uma variável aleatória contínua.

  2.  A função de distribuição acumulada (fda) para uma variável aleatória X é definida por

F(x)=P[Xx]=xf(t)dt, em que f(t) é uma fdp. Isto significa que F(x)=dF(x)dx=f(x).

Exemplo 2

Seja f uma função tal que

f(x)={32x2,se 1x10,caso contrário

  1.  Verifique se essa função é uma função densidade.

  2.  Calcule:

    b1.  P[X>0]

    b2.  P[X>1/2]

    b3.  P[1/2X1/2]

    b4.  P[X<2]

    b5.  P[X<1/2]

    b6.  P[X<0X>1/2]

Solução a. :

Para verificar se a função f é densidade probabilidade, precisamos observar duas condições. A primeira é que f seja uma função não-negativa, isto é, f(x)0.

Observa-se que

Parax[1,1]a imagem de f está contida em[0,32]

Logo, f(x)0.

A segunda condição é que a área sob à curva seja igual a 1, isto é,

11f(x)dx=3211x2dx=32x33|11=1.

Portanto, f é função densidade probabilidade.

Solução b1. :

P[X>0]=10f(x)dx=3210x2dx=32x33|10=12.

Valor Esperado e Variância

A esperança de uma variável aleatória contínua X tem o mesmo sentido e interpretação da esperança de uma variável aleatória discreta, ou seja, é a média ou valor esperado de X. Neste caso, a esperança é obtida por meio da integral do produto de x com a função f(x), no intervalo definido pelo domínio de f.

De uma maneira geral,

μ=E(X)=+xf(x)dx.

A variância de uma variável aleatória X, como já vimos, fornece o grau de dispersão dos valores de uma variável aleatória em relação à sua média μ. A forma geral para o cálculo é representada por

Var(X)=E{[XE(X)]2}=E[(Xμ)2]. No entanto, uma foma mais fácil operacionalmente pode ser deduzida a partir da equação acima, ou seja

Var(X)=E(X2)[E(X)]2, em que

E(X2)=+x2f(x)dx. Exemplo 3

Seja X uma variável aleatória contínua com função densidade dada por

f(x)={32x2,se 1x10,caso contrário

  • Determine a E(X), Var(X) e o desvio-padrão σX da variável aleatória X.

Solução:

A esperança de X é dada por

μ=E(X)=11xf(x)dx=3211x3dx=32x44|11=32(1414)=0.

Então, para o cálculo da variância de X, temos

Var(X)=E(X2)=11x2f(x)dx=3211x4dx=32x55|11=32[15(15)]=35.

Portanto, o desvio-padrão de X é dado por

σX=Var(X)=35=0.774

Exercícios

  1.  A duração, em anos, de certa lâmpada especial é uma variável aleatória contínua com densidade dada por

f(x)=2e2xsex>0

  1.  Qual é a probabilidade da lâmpada durar até 2 anos ?

  2.  Qual é o valor esperado do tempo de duração (em anos) de uma certa lâmpada ?

  1.  A variável aleatória contínua X tem função de distribuição acumulada (fda) dada por

F(x)={0,sex<11c(1e(x1)),se1x<21c(1e1+e2e2(x1)),sex2

  1.  Obtenha o valor de c.

  2.  Obtenha a correspondente função densidade da variável X.

  3.  Determine P(X3/2|X<4).


Licença Creative Commons 4.0

Este conteúdo está disponível por meio da Licença Creative Commons 4.0